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Primitivo Paes nasceu em Pernambuco. Viveu em São Paulo e mudou-se para o Rio de Janeiro. Pai de duas filhas e avô de três netos. É poeta, declamador. Formado como ator. Premiado e homenageado inúmeras vezes por diversas instituições. Prêmio Expressão Cultural 2006 da Coordenadoria Regional de Cultura da Prefeitura do Rio de Janeiro como melhor Declamador. Tem seus poemas publicados em inúmeras antologias em todo o Estado. Participação nas três últimas feiras da Bienal do Livro no Rio de Janeiro. Lançou em 2004 o livro “Livro de Poemas”. Já soma mais de 1000 apresentações em escolas, praças públicas e teatros em todo o Estado do Rio de Janeiro. Em 2007 apresentou-se ao lado de Poetas oriundos da Guiné-Bissau durante o X Fórum de Responsabilidade Social na FEUC, Zona Oeste do Rio de Janeiro. Participou das XVI, XVII, XVIII e XIX edições da Semana de Letras da FEUC. Em 2009, participou da I Mostra de Poesia Brasileira de Maricá. Em 2008, participou de uma Exposição de Artes Plásticas e Poesias no Centro Cultural Ariano Suassuna, na Barra da Tijuca.

sábado, 31 de julho de 2010

Mansão dos Araújos

Mansão dos Araújos

Da mansão número um, eu vejo tudo:

A grama verde, as árvores em seu reduto,

Vejo um céu bordado de estrelas lindas

E dois prédios redondos em forma de charuto.

Há muitas flores bonitas por aqui

Sofisticadas e outras bem singelas.

Mas o que predomina mesmo nos jardins,

São as folhagens e as flores amarelas.

A primavera está chegando ao fim.

De tantas flores vermelhas imponentes,

São as bananeiras-da-Índia,

As que restaram somente.

E aquela roseira branca

Da casa quatro, meu Deus,

Nunca vi coisa mais bela

Como são os cachos seus!

São os últimos dias de primavera...

Ela não avisa o dia e nem a hora...

E acompanhando a bela estação,

As flores também vão-se embora.

Mas quando passar três meses, mais três meses,

Voltarão as flores lindas de outrora.

Foz do Iguaçu

Foz do Iguaçu


Oh! Que verde tão bonito.

Olha o azul infinito

Misturando-se nas pedras

Das águas, na cachoeira

E a clorofila das folhas

Alimenta o arvoredo

Transportando energia,

Do caule até a raiz.

E a gente na passarela

Cruzando por transeuntes,

Pessoas que nunca vi,

Em cada rosto um sorriso

Em cada olhar um aviso,

Dizendo: sou tão feliz!

Cataratas do Iguaçu,

Escute o que vou lhe dizer:

Eu queria ser poeta,

Fazer versos pra você!

Cataratas, me desculpem,

Mas não existe poeta

Aqui na face da terra

Que possa te descrever!

Olha a explosão das águas

Na cachoeira maior,

Caindo lá das alturas,

Formando nuvens de pó,

São nuvens de hidrogênio

Se junta ao oxigênio,

Formando uma chuva só.

Cruzando na passarela,

As pessoas se molhando,

Tomando banho de sol

E de chuva, como se diz,

Banho de felicidades

Porque na realidade

A gente vira criança

Brincando num chafariz!...

Liberdade

Liberdade

Liberdade é como andar sozinho
Pelas ruas da cidade bem seguro
E não ter de perguntar consigo mesmo
O que está havendo atrás daquele muro...

Liberdade é sair cedo para o trabalho
E voltar livre como um passarinho,
Ao chegar em casa já cansado,
Encontrar nos filhos um pouco de carinho.

Liberdade é caminhar, cabeça erguida,
Bem humorado, satisfeito, pé no chão,
E não ter que implorar por um espaço
Para poder viver no mundo cão!

Liberdade é poder gritar bem alto:
Quero paz, amor e alegria,
Quero trabalho e um pouco de conforto
Para poder viver o dia-a-dia.

Liberdade é caminhar de braços dados,
Pelas ruas da cidade sem segredos
E sem o medo da maldita violência,
Liberdade é não ter medo do medo.

O Rio

O RIO



O Rio de Janeiro é lindo
É bonito até de noite.
Olha só, Copacabana,
Leblon, Leme e o Corcovado.
A Baía de Guanabara
Com seus barcos ancorados.
O lindo morro da Urca
E a pedra do Pão de Açúcar
Com seu bondinho lotado.

Olha só, a Praça Quinze,
Com as barcas da Cantareira
Levando e trazendo gente
Uma multidão conduz.
A gente olha de longe,
Vem saudade que dói,
Uma estrada que reluz,
Aquele colar de luz
É a ponte Rio - Niterói.

Bem lá no alto da serra
Está o Cristo Redentor,
Com seus braços abertos
Dizendo: “Sou protetor!”

Venha cá turista amigo,
Eu quero falar contigo.
Tu já viste o carnaval?
Já passou na Praça Onze?
Eu não sou feito de bronze
Eu sou a paz e o amor.

Colocar o Rio de Janeiro
Dentro de um só poema...
Confesso que fracassei,
Não encontrei um esquema.
Hoje choro com saudade
De Vinícius de Moraes
Quando vivia cantando
A Garota de Ipanema!

Minha Infância

Minha Infância
Voltei para matar minhas saudades
Das coisas que ficaram para trás:
Das brincadeiras no leito do rio seco,
Das poças d'água salobra e dos matagais.
Daquela cerca com melão-de-são-caetano,
Dos cajueiros com seus frutos sem iguais...
Tenho saudades de tudo da minha terra,
Da minha infância que não volta nunca mais.
Tudo aqui faz lembrar a minha infância,
Acordar cedo, era eu um dos primeiros,
Sair correndo pelos campos orvalhados,
Ouvindo os galos a cocorocar no terreiro.
Procurar frutas maduras no pomar...
Essas coisas, eu fazia todo dia.
O que me faz lembrar o grande Ataulfo Alves:
Eu era feliz e não sabia!
Sentado no lajedo, nas pedras quentes,
O vento soprava forte, eu nem sentia,
À sombra dos velames e marmeleiros,
O mundo era todo meu... e eu sorria.
Essas coisas se passaram há tanto tempo...
E até hoje eu me lembro direitinho.
Ai, meu Deus, como eram tão gostosas,
As goiabas maduras do vizinho.

Se o Defunto Falasse

Se o Defunto Falasse

Quando eu for quero levar
Alguma coisa de amor:
Um adeus, uma saudade,
O perfume de uma flor,
O gosto de uma comida
Que na lembrança ficou,
A fome que um amigo
Muitas vezes me tirou.
Quero dizer "obrigado"
Por tudo que se passou:
Choro dos netos, dos filhos,
Dos amigos, o choro que ficou.
Dizer ao povo do Rio,
O Rio de Janeiro é um amor!
Aceite um abraço forte
Do poeta que chorou!
Só quero levar saudade,
A tristeza, minha dor.
Já que não sinto mais nada
E a minha hora chegou,
Eu não quero ir, me leve,
É o último favor.
Me jogue nesse buraco
Escuro, tanto calor!
Pode rezar um Pai Nosso,
Uma prece, um fervor.
Eu digo "muito obrigado"
Vocês são todos um amor.
Me jogue aqui nessa porra!!!
Só não quero sentir dor.
Estrada da Vida

Primitivo Paes

Não tenha medo de viver, não tenha medo,
Mesmo achando que a vida lhe renegue.
Pensando positivo, crie forças,
Que até corrente de ferro a gente quebra.
Viajando por caminhos tortuosos,
Quem na vida não levou uma refrega? .
Olha só os ensinamentos de Drummond,
"Nomeio do caminho, tinha uma pedra."
Não esmoreça, meu amigo, siga em frente!
Não tenha medo de planalto nem colina,
Seu coração está batendo acelerado,
Foi uma carga maior de adrenalina.
Tome cuidado com o seu colesterol,
Pise no chão com firmeza e com carinho,
Olhando bem para um lado e para o outro,
Tem uma pedra no meio do caminho.
Caminhemos, nessa estrada tão bonita."
É a vida, leve a vida a cantar!
Tome cuidado com a curva perigosa,
Tem uma placa avisando: veja só,
Tem por detrás dessa placa uma velha
Querendo transformar você em pó.
Dê um drible nessa velha ferrugenta,
Siga em frente que viver é bem melhor.
Siga a vida, o que achar ruim, deixe pra trás.
Seja alegre, bondoso e solidário,
Só o prazer, no ser humano, satisfaz.
Se aparecer uma pedra em seu caminho,
Não pense no fator azar ou sorte,
Se desta vez a pedra for maior,
Dentro dessa pedra estará a morte.
Fique parado, não fale, não diga nada,
Saia de fininho, rodeie e não toque nela.
Siga a vida com toda dignidade,
Porque só assim a vida é bela!

Poema: Terceiro Sorriso

Terceiro Sorriso

Você veio sorrindo ao meu encontro,

Afugentando de mim a solidão,

Me ensinando como caminhar,

Sozinho não consigo andar mais não.

Segure minha mão com mais força,

Olha o abismo onde eu posso cair.

Se eu chorar sentado à beira da estrada,

Foi lutando pra fazer você sorrir!

Se minhas lágrimas caírem no seu rosto,

O coração palpitar, seja bendito!

Procure um livro de poemas para ler

E veja o mundo como fica mais bonito!

Esse livro de poemas é um amor,

Meu avô tinha razão, deixou escrito.

Olha a vida, é um rio caudaloso,

Leva a gente sem saber onde deixar.

Eu não vou ficar no mangue ou na restinga.

Sou atleta, aprendi a navegar.

Vou ancorar no porto do coração

Onde as águas do amor vão transbordar

Com liberdade, saúde e alegria.

Essa é a vida que eu quero levar!

Poema: Coisas bobas

Coisas Bobas


Primitivo Paes

As coisas bobas da vida

São as pequeninas coisas

E sem mais querer, de repente,

Se transformam em coisas grandes.

Um botão velho perdido

Jogado no chão do lixo,

Um vidro sem o perfume

Ou um brinquedo quebrado.

Apanho, levo e conserto. .

Depois de recuperado,

Guardo com todo o carinho

Para com ele brincar...

É uma reminiscência,

Herança do meu passado,

Proteger velhos brinquedos

Que são ao lixo jogados.

Aquele vidro vazio,

Transformado em bibelô.

Olhando assim para ele,

Relembro o que se passou.

E o brinquedo quebrado,

Depois de recuperado,

Tem valor estimativo...

Pra mim tem muito valor.

Poema: O Mendigo

O Mendigo

Primitivo Paes

Tenho tanta liberdade,

Pouco me importo com isso,

Apesar de ser humano,

Vivo nos montes de lixo.

Falharam todos os planos,

Foram tantos os desenganos

E, com o passar dos anos,

Fui transformado num bicho.

Apesar de ser mendigo,

Não quero ser comparado,

Sou bicho com reticência,

Sou lixo em sociedade.

Assim vou vivendo, a esmo,

Paralelo com o lixo,

Eu conheço gente no luxo

Que são verdadeiros bichos.

Nem percebo o que se passa

Em torno do caminhar,

Andando sem rumo certo,

Não sei onde vou chegar!...

Procurando o que não tenho,

Sem saber se vou ganhar

E tanto faz ir para frente

Ou mesmo querer voltar.

Não sei se é desamor,

Cai o suor da minha fronte,

A longa curva da estrada

Perdida no horizonte...

Sigo a luta pela vida,

Errante, assim tão sofrida

Eu sou o Cristo da estrada,

À espera da cruz erguida.