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Primitivo Paes nasceu em Pernambuco. Viveu em São Paulo e mudou-se para o Rio de Janeiro. Pai de duas filhas e avô de três netos. É poeta, declamador. Formado como ator. Premiado e homenageado inúmeras vezes por diversas instituições. Prêmio Expressão Cultural 2006 da Coordenadoria Regional de Cultura da Prefeitura do Rio de Janeiro como melhor Declamador. Tem seus poemas publicados em inúmeras antologias em todo o Estado. Participação nas três últimas feiras da Bienal do Livro no Rio de Janeiro. Lançou em 2004 o livro “Livro de Poemas”. Já soma mais de 1000 apresentações em escolas, praças públicas e teatros em todo o Estado do Rio de Janeiro. Em 2007 apresentou-se ao lado de Poetas oriundos da Guiné-Bissau durante o X Fórum de Responsabilidade Social na FEUC, Zona Oeste do Rio de Janeiro. Participou das XVI, XVII, XVIII e XIX edições da Semana de Letras da FEUC. Em 2009, participou da I Mostra de Poesia Brasileira de Maricá. Em 2008, participou de uma Exposição de Artes Plásticas e Poesias no Centro Cultural Ariano Suassuna, na Barra da Tijuca.

terça-feira, 23 de dezembro de 2014

Fotos especiais











Mais poemas de Primitivo Paes - POVEB 2009

Escuta Pai

Antes era você
Que ocupava meu espaço.
Não sei se o Senhor subiu
Ou desceu pro andar de baixo...
Lembro que o Senhor dizia:
Já tô sentindo o cansaço.
Tô igual cana caiana,
Quando passa pelo engenho,
Vira caldo, desaparece,
Só resta mesmo o bagaço.

A vida é um desafio,
Às vezes me embaraço.
O passado me ajuda,
Gosto muito do que faço.
Só não gosto de despedida,
Eu choro como palhaço.
Fico igual lua minguante,
Quando aparece no céu
Está faltando um pedaço!

Na grande estrada da vida,
Vou seguindo o mesmo passo,
Procurando a mesma trilha.
Com duas filhas, dois genros,
Três netos, que maravilha!
Me sinto realizado
Na construção da família!




Acordar

Acordo de manhã cedo,
Sinto um pouco de cansaço,
Vejo o pé de jenipapo
E sinto um cheiro de flor.

Caminho até a cozinha,
Vou preparar meu café,
Em pé, diante da pia,
Procurando o coador.

Ouço um cantar afinado,
De um pássaro desgarrado,
Das matas onde se criou.

É você, meu grande amigo,
Me deixa tão pensativo,
Meu bem-te-vi cantador!














Lembranças

Hoje acordei inquieto
Com as lembranças de outrora:
Minha mãe lá no terreiro
E eu olhando pra fora
Comendo, escondido dela,
Uma colher de açúcar.
Que era o doce da vida...
O que meus netos fazem agora.























Procura-se

Estou sempre me procurando
Penso, falo, olho e não vejo,
Ando falando sozinho
A procura de mim mesmo.

Procuro por toda parte
Meu jeito de ser, meu ego,
Será que eu me perdi?...
Ou estou procurando a esmo?

Estou procurando tanto,
Tantas vezes, tenho medo.
Quem me enviou aqui,

Não quer mandar o segredo,
Olho pro céu e pra terra,
Um dia serei rochedo!














Seu Poema
    
Eu quis fazer um poema
Que pertencesse a você,

Mas fiquei abestaiado,
Sem saber o que fazer.

Só foi dizer: “eu te amo!”
Ficou pronto, podes crer.

























Velhice

Quando você achar que está chegando...
No final da estrada é só escombros,
Transforme sua morte, num lindo pássaro
E coloque esse pássaro em seu ombro.


Quando se encontrar num beco sem saída,
Desesperado sem saber o que fazer,
Passe a mão na plumagem desse pássaro
Com certeza ele dirá o que você irá fazer.


No final da estrada, já cansado,
Você que era tão forte, cambaleia,
Siga adiante caminhando pela vida...
Olhe para trás, o seu rastro na areia.


São duas marcas, indicando para frente.
Siga a luta, quem é forte não bambeia.
Porque atrás, surgirá uma criança,
Para seguir os seus passos na areia.






Vou Deixar

Uma revoada de pássaros
Cantarolando em coro.
Minha linda mocidade,
Recordações do namoro,
Meu velho carro de boi
E duas lágrimas do choro.

As caminhadas que faço
Nas ruas do Rio da Prata,
Na Estrada do Cabuçu,
No compasso do condor.

Não sei por que as lembranças
Me dão uma grande sova...
E lá vem o choro de novo,
Com o Gueto de Varsóvia.

Já não consigo sorrir!
O humor traz outro lance.
Digo, com sinceridade:
“Só por que li um romance...?”
Estou chorando porque li
O Diário de Anne Frank.








Se Eu Soubesse...

Ah, se eu soubesse,
Quando menino,
Que Deus escutava a gente
E até prestava atenção.

Eu ia falar bem baixinho,
Bem perto do seu ouvido:
“O Senhor é tão querido,
Não briga comigo, não!

Já que o Senhor me fez Velho,
E eu adoro o meu povo...

Se eu voltar,
O Senhor deixa
Eu ser Menino de novo?...”

Meu Deus!












Para Você, Nilton Silva

Quando lembro de você,
A vida fica maneira;
O mundo fica melhor
E a História, sem coleira.

Naquela tarde bonita:
Eu, com aquela bandeja,
Na Academia de Letras,
Lembrando uma Vida Inteira.

A gravata pi-co-ta-da,
Que tinha sido emprestada,
Pertencia a Nilton Silva
E era de Manuel Bandeira!

















Bilhete

Deixei, em cima da mesa,
Um bilhete dizendo assim:
“Esconda-o quando encontrá-lo,
Leia com muito cuidado
E não mostre pra ninguém...

Assim que passar o tempo,
Lembre – é o nosso castigo –
Guarde o segredo contigo!
Guardarei o meu também.”

Desculpe a letra malfeita.
Não sei como consegui,
Num instante de emoção,
Não deu tempo pra mais nada!

Naquela grande escalada
Procurei por toda parte,
Achei o papel do pão!

Escrevi:
“Tchau e um beijo...
Voltar é o meu desejo

Não é despedida não!”

Mais um poema inédito de Primitivo Paes

DRAMA
Primitivo Paes

Até quando, minha gente,
Esse drama do Nordeste
Vai ter que representar?!
São mulheres mal vestidas,
São crianças desnutridas.
Esse calor incessante
E este sol inclemente,
Castigando sem parar

Não posso mais implorar.
Já rezei tanto, chorei,
Deus estava descansando,
Não ouviu o que eu falei.
Por isso peço desculpas
Pelos erros que são meus.
Não aprendi a rezar
E quem não reza direito
Acaba xingando Deus...

Agora já sou adulto.
Viver é coisa divina...
Enfeite nosso universo
Com flores, pão, chuva fina.
Mais chuva para o nordeste
Menos em Santa Catarina.

Perdão
Dois
Mil e

Oito.

Um poema inédito de Primitivo Paes -

PEDRA ENCANTADA
Primitivo Paes


Pedra de Guaratiba
Tem poder afrodisíaco
Retiro espiritual
De meus amigos artistas
Edson do Forrogode,
Adelson, Toninho de Lita,
Neide Amback, Daisy Melo,
Moram na terra bendita.
É o quinto ponto da Terra
Que recebe diretamente
Do nosso grande Universo,

Energias infinitas!